segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A poesia do corpo



Eu, que de dentro vejo apenas o de fora
Olho-me beirando a escuridão
Vejo meu umbigo, meu céu, meus dedos indefinidos dos pés
Vejo até por fazer um pedaço de meu tronco.
Como tocado, atiço um primeiro gole de dança
Envolvo-me com meus próprios braços e sou como que arremessado para longe
Um longe da distancia certa entre tudo o que eu vi, para tudo que ainda vou ver. Me pergunto: Seria por alguma acaso uma resposta?
Meus pés pressionam com tal força o chão que toco o teto, toco o cima
O topo de minha cabeça, mais alto que a copa frondosa de um ypê amarelo
Sou da cor do meu movimento
Vermelho na cólera
Azul no brando deslizar de mãos
Amarelo na postura ereta e realizada
Verde no contraste com os círculos que formo com a rapidez de minha existência.
Comprovo que existi
E depois de tal exercício sobre mim mesmo eu faço das sensações um território poético
De máquina usual converto-me em servo fiel
Que a serviço de meu inter-entre
Me desfaço em poesias.

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